“Oi pessoal, como eu estou dividindo tudo com vocês…” Assim começa mais um desabafo sincero e comovente de Mariana, uma mulher que decidiu abrir o coração e compartilhar sua jornada em busca da maternidade.
O que começou como um sonho simples, cheio de fé e expectativas, tornou-se uma estrada repleta de desafios, lágrimas, exames e, acima de tudo, coragem.
A decisão de ser mãe, para Mariana, não foi impulsiva. Foi algo construído com amor e desejo genuíno de cuidar, de formar uma família. Ela se preparou.
Fez tudo como manda o manual da vida saudável: cuidava do corpo, da alimentação, não tinha vícios. Em sua mente, tudo caminharia de forma natural. Afinal, por que não daria certo?
Mas a vida, como tantas vezes acontece, tinha outros planos.
Durante um exame de rotina, Mariana recebeu um balde de água fria: engravidar naturalmente não seria simples — e talvez nem possível.
A alternativa era seguir o caminho da reprodução assistida, com a coleta de óvulos, a formação de embriões e a fertilização in vitro. Um processo técnico, mas com uma carga emocional gigantesca.
Determinada, ela encarou a primeira etapa com otimismo. Estava confiante de que, por ser jovem e saudável, teria bons resultados logo de início. Mas o primeiro ciclo de estimulação hormonal trouxe frustração.
Doze dias de injeções na barriga, mudanças no corpo, efeitos colaterais e uma montanha-russa emocional, para no fim, apenas um óvulo ser viável. Um. O suficiente para abalar até mesmo os mais fortes.
A decisão foi seguir em frente. Recomeçar.
Vieram novas tentativas, novos ciclos, mais injeções e mais esperanças depositadas em cada procedimento. Mariana lutava contra o tempo, pois sua reserva ovariana já dava sinais de esgotamento.
Mas a força de quem sonha com algo tão puro como a maternidade é difícil de abalar. Mesmo nos dias de insegurança, ela seguia.
Com o tempo, uma boa notícia: conseguiram um número significativo de óvulos. Mariana, ao lado do seu médico, o Dr. João, partiu para a formação dos embriões. Era o momento mais esperado, o mais delicado. E foi também o mais doloroso.
Nove embriões foram formados. Nove esperanças. Nove pequenos começos de vida que, na imaginação de Mariana, poderiam já ter nome, rosto e histórias para contar. A alegria tomou conta — até o resultado final chegar.
Nenhum dos embriões era viável.
Nenhum havia se desenvolvido adequadamente para seguir adiante. A notícia foi como um soco no estômago. Todo o processo, toda a dor, toda a expectativa… parecia ter sido em vão. Ela se viu de volta à estaca zero. Um recomeço não planejado, duro, cruel. E, mesmo assim, necessário.
A conversa com os pais foi um dos pontos mais marcantes dessa fase. Quando contou o que havia acontecido, seu pai fez uma pergunta simples, mas que dizia tudo: “Você vai tentar de novo?”
Mariana respondeu que sim. E então ele completou: “Se você não quiser, se achar que é hora de parar, tá tudo bem. A decisão precisa ser sua.”
Essa fala, segundo ela, foi um alívio. Um acolhimento. Um abraço na alma.
A pressão para continuar muitas vezes vem de fora — da sociedade, das expectativas alheias, da cobrança silenciosa. Mas naquele momento, Mariana entendeu que seguir ou parar precisava vir do coração. E o dela ainda batia forte pelo desejo de ser mãe.
Ela então se permitiu sentir. Chorou. Se entristeceu. Se questionou. “Será que vai dar certo?” — a pergunta martelava.
Mas o que significa “dar certo” num processo como esse? Será apenas um resultado positivo de gravidez? Ou é também ter coragem de tentar, de seguir, de não se abandonar?
Mariana entendeu que sua jornada vai muito além da maternidade. É também sobre autoconhecimento, força emocional e aprendizado.
Cada passo dolorido trouxe a ela mais clareza sobre o que significa gerar uma vida — e sobre o que ela própria está se tornando nesse processo.
Ela sabe que muitas mulheres vivem histórias parecidas. Histórias silenciosas, às vezes solitárias, recheadas de exames, hormônios, esperas e decepções. Mas também de pequenos triunfos.
Um óvulo viável, um embrião que evolui, um abraço no fim do dia. Mariana decidiu compartilhar tudo porque acredita no poder da escuta e da empatia.
Sua história não tem um fim ainda. Mas tem um presente cheio de propósito. Ela segue acreditando. Não com a ingenuidade do início, mas com a maturidade de quem sabe que sonhos podem ser adiados, mas não precisam ser abandonados.
“Hoje eu vou me dar o direito de ficar assim”, ela disse, num dia de dor. Mas completou: “Amanhã eu vou acordar melhor.” E é isso que Mariana faz: vive um dia de cada vez, com os olhos no futuro e o coração no agora.