Nos últimos dias, o debate sobre o papel de Neymar na Seleção Brasileira ganhou força após declarações de três grandes nomes do futebol nacional: Romário, Cafu e Galvão Bueno.
A discussão envolve não apenas o peso do camisa 10 na equipe, mas também a qualidade do atual elenco, o comando técnico e as perspectivas para a tão sonhada conquista do hexacampeonato mundial.
Romário foi direto: para o Brasil vencer a próxima Copa do Mundo, é essencial jogar para Neymar. Em entrevista recente, o eterno camisa 11 e herói de 1994 afirmou que “sem Neymar, é impossível ganhar”.
O ex-atacante destacou que, embora haja talentos emergentes como Vini Jr., Rodrygo, Raphinha e Savinho, nenhum deles possui ainda a liderança e a capacidade de decisão do jogador revelado pelo Santos.
Cafu, capitão do penta em 2002, também opinou sobre a importância de Neymar. Segundo ele, o camisa 10 é um dos maiores ídolos do futebol brasileiro nos últimos anos e continua sendo decisivo quando está em forma.
“Neymar faz diferença. Agora, não podemos mais depender exclusivamente dele como no passado. Hoje, temos um time mais equilibrado”, comentou.
Cafu acredita que, com os jovens talentos que surgiram, Neymar pode ser uma peça complementar, e não mais o único responsável pelo desempenho da Seleção.
A discussão, porém, não parou por aí. Galvão Bueno, narrador que acompanhou de perto as últimas gerações da Seleção, trouxe uma análise mais crítica sobre o momento do time.
Em sua avaliação, falta peso ao meio-campo brasileiro. “Todos os volantes e armadores jogam em clubes médios ou pequenos da Europa. Isso nunca aconteceu antes”, afirmou.
Para Galvão, o Brasil precisa de jogadores que assumam protagonismo em grandes clubes, como era comum em outras gerações.
Ele citou nomes como Bruno Guimarães, Gerson e outros jogadores que, apesar do talento, não estão em clubes de primeira prateleira. Essa falta de “casca” em competições de alto nível, segundo ele, pode comprometer o desempenho do Brasil nos momentos decisivos.
Outro ponto levantado na conversa foi o comando técnico da Seleção. Cafu questionou o peso de treinadores como Dorival Júnior e Fernando Diniz frente a nomes como Felipão, Zagallo e Parreira.
“A Seleção tem outro peso. Com todo o respeito, Dorival não tem o mesmo impacto que um Felipão tinha”, disse. Apesar disso, ele ressaltou que o respeito ao treinador deve partir dos jogadores, independentemente do currículo do técnico.
Romário também criticou a insistência em convocar atletas que atuam na Europa, sem considerar o bom momento de jogadores que brilham no Brasil. Para ele, é preciso priorizar quem está em boa fase, e não apenas os que atuam em ligas estrangeiras.
No centro dessa discussão, Neymar segue afastado dos gramados por conta de uma lesão muscular. Em sua tentativa de retorno pelo Santos, o jogador sofreu um revés físico que exigiu cautela.
O clube agora adota um plano conservador para recondicionar o atacante física e psicologicamente. A expectativa é que ele volte a treinar em cerca de um mês.
Mesmo assim, muitos se perguntam se ainda vale a pena esperar por Neymar. Galvão, que narrou seu retorno contra o Fluminense, defendeu o craque. “Ele correu, brigou, voltou para marcar… Não foi brilhante, mas jogou com intensidade. O Santos precisa muito dele, e ele precisa jogar”, destacou.
Para Galvão, Neymar ainda pode fazer a diferença, especialmente se estiver cercado por talentos como Vini Jr., Rodrygo e outros jovens. A chave seria integrar o camisa 10 a um coletivo forte, e não mais montar a equipe ao seu redor como em ciclos anteriores.
Por fim, a pergunta que paira no ar é simples: o hexa depende de Neymar?
Para Romário, sim. Para Cafu, ele é peça fundamental, mas não única. Para Galvão, o Brasil só terá chance se Neymar estiver bem — física, técnica e psicologicamente.
O debate está lançado, e enquanto Neymar se recupera, a Seleção Brasileira segue em reformulação. Resta saber se, quando a Copa do Mundo chegar, o camisa 10 estará pronto para liderar — ou se será finalmente o momento de uma nova geração tomar as rédeas.