Neymar encontra menina abandonada com seu irmão no colo em aeroporto e sua atitude vai te fazer chorar.
A chuva castigava São Paulo naquela noite. Grossas gotas escorriam pelas janelas do aeroporto, refletindo o brilho frio das luzes artificiais. O chão molhado e escorregadio contrastava com o calor abafado dentro do saguão, onde pessoas caminhavam apressadas, arrastando malas de grife e verificando celulares, sem tempo para notar nada além de seus próprios destinos.
Encostada perto da entrada, quase invisível entre a multidão, estava ela: uma menina de 6 anos, pequena demais para estar sozinha. Os pés descalços repousavam sobre o piso gelado, a roupa fina e suja grudava no corpo úmido. Nos braços frágeis, segurava um bebê – o irmãozinho, apenas com alguns meses de vida. Magro, frágil, o rostinho encostado contra o ombro dela, respirando rápido. Ele tremia, mas não chorava mais. Talvez já soubesse que ninguém ali se importaria.
Os olhinhos da menina varriam o saguão, desesperados, esperando encontrar aquele rosto que havia desaparecido minutos antes: sua mãe. “Espere aqui, meu amor, mamãe já volta”, foram suas últimas palavras. Mas o tempo passou e a menina mordeu o lábio, tentando ignorar a dor na barriga vazia. “Mamãe sempre volta, não volta?”
Horas antes, na periferia da cidade, em um barraco feito de lonas presas com pedaços de madeira, aquela mãe havia tomado a decisão mais difícil de sua vida. Não havia mais saída. O arroz tinha acabado, o gás já não existia, e o leite para o bebê? Fazia dias que não sobrava um centavo para comprar. A fome não era mais um incômodo – era uma sentença. Ela beijou os filhos uma última vez. A menina ainda confiava nela, não sabia que aquele abraço seria o último.
No aeroporto, o tempo passava. O movimento ao redor era um turbilhão de rostos desconhecidos. Um homem de terno apertava o passo, desviando dela com um olhar de reprovação. Uma senhora murmurava algo sobre misericórdia, mas seguiu seu caminho sem parar. Ninguém parava.
Foi então que ele apareceu. Boné abaixado, moletom escuro, tentando passar despercebido. Passos largos, decididos. Neymar caminhava pelo saguão, acostumado com olhares curiosos e celulares apontados para ele. Mas, naquele momento, seus olhos se desviaram para o canto do salão. Ele viu a menina. E a menina viu ele. Por um instante, o tempo pareceu congelar.
Seu olhar ficou preso na cena. A menina tão pequena segurava o bebê como se sua própria vida dependesse disso. O irmãozinho parecia fraco, os olhinhos fechados, a respiração rápida e curta. O moletom fino e sujo não era suficiente para protegê-los do frio que entrava pelas portas automáticas do aeroporto. Eles tremiam, mas não apenas de frio. Tremiam de medo, de incerteza, de um destino cruel demais para duas crianças tão indefesas.
Seu peito apertou. A imagem da irmãzinha segurando aquele bebê frágil tocou algo profundo dentro dele. Ele respirou fundo e deu alguns passos na direção dela. Se abaixou para ficar na altura da menina e perguntou com a voz mais suave que conseguiu encontrar:
“Oi, pequena. Você tá sozinha?”
A menina apertou o bebê ainda mais contra o peito. Seus olhos castanhos estavam arregalados, desconfiados. Ela não respondia.
“Cadê sua mãe?” insistiu ele, tentando manter a calma.
O bebê se mexeu um pouco e soltou um gemido baixinho, cansado demais até para chorar. Neymar sentiu o coração apertar ainda mais.
“Meu amor, eu só quero ajudar. Você tem um nome?”
A menina hesitou. Seus lábios tremiam – e não era pelo frio. Ela olhou para os lados, como se estivesse checando se era seguro falar. Por fim, respondeu baixinho:
“Sofia.”
O nome saiu como um sussurro quase inaudível. Neymar sentiu um nó na garganta.
“E seu irmão?”
“Mateus.”
O bebê se mexeu de novo, a respiração ofegante. Neymar percebeu naquele momento que ele estava muito fraco. Fraco demais. Ele olhou ao redor, tentando entender como ninguém via o que estava acontecendo. Como podiam continuar suas vidas enquanto duas crianças estavam completamente sozinhas, indefesas, à beira de um colapso?
Um segurança do aeroporto passou por perto e parou, observando a cena com curiosidade. Neymar percebeu que a situação poderia chamar atenção demais. Ele fez um sinal discreto para um de seus assessores.
“Traz um cobertor. Agora.”
Sofia encolheu os ombros, protegendo o irmão, sem saber o que aquele homem faria. Neymar percebeu o medo nos olhos dela. Não queria assustá-la.
“Você tá com fome?”
Sofia não respondeu, mas seu estômago roncou baixinho. O bebê em seus braços mexeu a cabecinha de leve, como se também sentisse a ausência de alimento. Neymar fechou os olhos por um segundo, lutando contra a revolta que crescia dentro dele.
O assessor voltou com o cobertor e Neymar o pegou com cuidado, estendendo para Sofia.
“Aqui, meu amor. Um para você e para seu irmãozinho. Tá frio, né?”
Ela hesitou, mas aos poucos puxou o cobertor e envolveu Mateus. O bebê se aconchegou melhor, ainda sem entender o que acontecia ao seu redor.
O segurança se aproximou. “Senhor, precisamos chamar o Conselho Tutelar.”
Neymar respirou fundo. Ele sabia que, se alguém chamasse as autoridades, as crianças seriam levadas para um abrigo qualquer – onde poderiam acabar separadas. Ele não podia deixar isso acontecer.
Pegou o celular e ligou para alguém.
“Cara, preciso de você aqui agora. Vem rápido.”
Seu coração batia acelerado. Ele já tinha decidido o que ia fazer. Ele não ia simplesmente dar as costas. Ele não ia permitir que aquelas crianças sumissem no sistema.
Minutos depois, o carro deslizou pelas ruas molhadas da cidade, cortando a chuva em direção ao hospital. Sofia ainda aninhada nos braços dele, sussurrou baixinho:
“Você não vai deixar eles levarem a gente, né?”
Neymar apertou os lábios. “Não, Sofia. Eu não vou deixar.”
O que ele não sabia era que aquela promessa mudaria sua vida para sempre.